Por que um país como Israel exporta tanta tecnologia em Irrigação?

Depois de alguns meses,  após min­ha via­jem a Israel, algo que ten­ho vis­to as pes­soas comentarem e se per­guntarem: O que faz de Israel ser essa potên­cia agrí­co­la, especi­fi­ca­mente com irrigação?

Para enten­der como isso fun­ciona, pre­cis­are­mos voltar na déca­da de 60!

1. Neces­si­dade

O con­tex­to históri­co foi cru­cial para isso. Com a cri­ação efe­ti­va do Esta­do de Israel em 1948 pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas (ONU), a pop­u­lação de 600 mil habi­tantes da região saltaria para cer­ca de oito mil­hões, 66 anos depois. Era imper­a­ti­vo ao país ser autossu­fi­ciente na pro­dução de ali­men­tos, já que os viz­in­hos de fron­teira, não eram nada amigáveis à cri­ação daque­le novo Esta­do. “Um sis­tema de cotas foi esta­b­ele­ci­do para asse­gu­rar que os fazen­deiros pro­duzis­sem o que fos­se necessário para a segu­rança ali­men­tar nacional e para os indi­ví­du­os serem capazes de com­parem a comi­da necessária às suas famílias. Isto foi pos­sív­el tão somente pelo esta­b­elec­i­men­to de uma forte exten­são de serviço de apoio [exten­são rur­al] e um forte sis­tema de pesquisa e desenvolvimento”.

É jus­ta­mente essa grande neces­si­dade que fez vários pesquisadores, desen­volver soluções para encar­ar esse cresci­men­to expo­nen­cial como ocor­reu em Israel.

2. Com­pro­me­ti­men­to

O com­pro­me­ti­men­to dos pesquisadores foi elim­i­nar as per­das, pois toda a pro­dução já tem um des­ti­no cer­to e não pode haver muitas fal­has, pois os recur­sos não são far­tos. “A média plu­viométri­ca anu­al pode vari­ar de 30 milímet­ros (mm), no sul do país, para mais de 800 mm ao norte”, a estação chu­vosa é lim­i­ta­da de três a qua­tro meses, sendo então de novem­bro a março, ocor­ren­do durante o inver­no. Out­ono e pri­mav­era são estações do ano rel­a­ti­va­mente cur­tas, mas o verão é lon­go e quente. Cer­ca de 2/3 da área de Israel é clas­si­fi­ca­da como deserto”.

A saí­da para agri­cul­tura, assim como o próprio desen­volvi­men­to urbano e indus­tri­al, foi um plano de geren­ci­a­men­to muito bem elab­o­ra­do pelo gov­er­no israe­lense. Foi deci­di­do canalizar a água do Mar da Galileia, ao norte, até chegar à região do Deser­to de Negev, na porção sul e a mais seca daque­le país. “Esse foi o maior pro­je­to chama­do, Hamovil Haartzi, o Aque­du­to Nacional, e foi basea­do no trans­porte por gravi­dade na maior parte do com­pri­men­to da estru­tu­ra, o que sig­nifi­cou uma econo­mia de ener­gia. Além do Mar da Galileia, há aquífer­os ao lon­go da área litorânea e na porção leste do país. Ess­es aquífer­os são reser­vatórios sub­ter­râ­neos de água fres­ca. Há um grande número de fontes sub­ter­râneas, mas a água é sali­na, prin­ci­pal­mente ao sul de Israel”.

Pos­te­ri­or­mente out­ras tec­nolo­gias foram sendo agre­gadas ao sis­tema como a cap­tação de água de chu­vas, trata­men­to de água de esgo­to, dessalin­iza­ção da água do mar. De fato, o gov­er­no con­seguir faz­er uma intrin­ca­da rede de água que fizesse todo esse serviço de cap­tação e dire­ciona­men­to às estações de água regionais.

3. União pelo crescimento

Com a ocu­pação grad­ual de imi­grantes judeus de todo mun­do em Israel, parte dessa gente foi sendo alo­ca­da em áreas rurais como os Kib­butz­im (plur­al de Kib­butz, ou seja, uma comu­nidade cole­ti­va tradi­cional­mente basea­da na agri­cul­tura) e os Moshav­im (plur­al de Moshav, que pode ser com­preen­di­do, de fato, como uma coop­er­a­ti­va agrí­co­la). Segun­do Sas­son, no Kibutz, cada mem­bro tra­bal­ha e pro­duz o quan­to pud­er e recebe tudo que pre­cisa para isso da própria comu­nidade. Por essa razão, a ter­ra e out­ros fatores de pro­dução per­tencem à comu­nidade e não indi­vid­ual­mente aos mem­bros. Já no molde de Moshav, cada mem­bro é dono da própria unidade de pro­dução, mas os insumos agrí­co­las são com­pra­dos e forneci­dos através da coop­er­a­ti­va, assim como a com­er­cial­iza­ção da pro­dução agrí­co­la. “O sis­tema de coop­er­a­ti­va é con­sid­er­a­do uma das maiores con­quis­tas na agri­cul­tura israe­lense, a exem­p­lo da maior com­pan­hia de com­er­cial­iza­ção da pro­dução agrí­co­la, Tnuva.

Com o esta­b­elec­i­men­to dess­es dois cen­tros de pro­dução agrí­co­la, Israel deu o pon­tapé ini­cial para a autossu­fi­ciên­cia na pro­dução de ali­men­tos. Atre­la­dos aos Kib­butz­im e Moshav­im, estão cen­tros de exten­são rur­al e pesquisa agrí­co­las, através do tra­bal­ho do Insi­tu­to Vol­cani, no dis­tri­to de Beit Dagan, a cer­ca de 14 km de Tel Aviv-Yafo (ou sim­ples­mente Tel Aviv, a segun­da maior cidade de Israel) com estações region­ais de pesquisa e desen­volvi­men­to e a Fac­ul­dade de Agri­cul­tura da Uni­ver­si­dade Hebraica em Rehovot, um pouco mais ao sul de Beit Dagan. A sin­er­gia entre pro­du­tor, exten­sion­istas e pesquisadores é tão grande que os temas estu­da­dos são jus­ta­mente aque­les escol­hi­dos pelos pro­du­tores. Há casos que a área da pesquisa está dire­ta­mente conec­ta­da com os resul­ta­dos vis­to nas próprias fazen­das, para o mel­hor entendi­men­to das neces­si­dades do pro­du­tor rur­al e para asse­gu­rar que as tec­nolo­gias desen­volvi­das serão dev­i­da­mente bem apli­cadas a campo.

O incre­men­to tec­nológi­co foi essen­cial nesse caso, a par­tir de ino­vações que per­mitem a pro­dução ao lon­go de todo o ano, em ambi­entes pro­te­gi­dos e clima­ti­za­dos como est­u­fas, além da própria irri­gação por gote­ja­men­to, uma das tec­nolo­gias que despon­taram no país por faz­er com que a água chegue onde se real­mente pre­cisa – na raiz da planta.

Con­clusão

Nesse con­tex­to, Israel se impôs como um play­er impor­tante no desen­volvi­men­to de tec­nolo­gia em irri­gação em todo o mun­do con­trolan­do grande com­pan­hias que criou, como Netafim, Rivullis Plas­to, Naan­Dan­Jain e Elgo.

Porém não é novi­dade que o Brasil vem enfrentan­do uma grave crise hídri­ca, há meses. O fato é que ago­ra a fal­ta de água pode colo­car em risco tam­bém o abastec­i­men­to de ener­gia, muito depen­dente das hidrelétri­c­as e tam­bém grande pro­je­tos irri­ga­dos em alguns lugares do Brasil.

Não ten­ho dúvi­das que temos grandes cére­bros com capaci­dade para cri­ar nos­sa própria tec­nolo­gia e reduzir cus­to, já que tec­nolo­gia exter­na, cos­tu­ma agre­gar val­ores maiores já que tem desen­volvi­men­to incluso.

Rogério Sousa
Tel/WhattsApp: (27) 99604–0970

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