Esse é um artigo diferente dos que costumo escrever, muito mais para uma reflexão e a busca de um novo pensamento coletivo.
Em andanças pela AGRISHOW, que ocorreu na semana do dia 26 de abril de 2015, vi como os potentes tratores com seus poderosos implementos já têm inseridos na sua plataforma de benefícios novas tecnologias, “softwares” precisos, mapas virtuais, condução eletrônica, monitoramento instantâneo e aplicação de insumos respondendo incrivelmente rápido a este monitoramento; mas o que mais me impressiona é que a tecnologia “touch screen” também chegou, tanto para monitoramento quanto para programação das atividades.
Nos celulares já estamos bastante acostumados com os “smart phones”; de forma bastante intuitiva conseguimos utilizar todos os aplicativos que nem sonhávamos em usar uma década atrás, deixando a função de telefone como mera coadjuvante.
Vendo toda essa enchente de tecnologia, observamos que há no setor de irrigação menos tecnologia de interface aplicada. Por suposto, deve haver tecnologias de monitoramento e controle desenvolvidas e em aplicação, mas a questão é que não vemos com frequência controladores com tecnologia mais intuitiva, onde se possa programar abertura de válvulas, duração de irrigação, aumento de lâmina, tudo pelo toque dos dedos na tela. Sabemos que alertas já são recebidos pelo celular, bem como informações meteorológicas e condições de solo, mas precisamos ver um passo adiante, no sentido de buscar como transformar esses dados em simples e eficientes autoprogramações dos controladores inteligentes.
Vou além, quem sabe, em algum dia os emissores terão nanochips e estes se comunicarão com uma estação repetidora, se autogeoreferenciando, recebendo informações para abrir ou para fechar, de acordo com a demanda hídrica da cultura daquele específico estádio fenológico ou mancha de solo, sendo que a estação repetidora avisará o controlador inteligente de demandas diferentes a cada dia ou semana, recalculando as novas vazões por cada trecho, readequando a frequência dos motores das bombas centrífugas de acordo com sensores de vazão e pressão, possibilitando irrigações com a máxima eficácia. As possibilidades são infinitas.
Em conversas com colegas profissionais, veio o questionamento de onde estava a razão de termos parado no tempo em relação a tecnologia; muitos entendem que é o agricultor que não está preparado para a tecnologia, pois quer algo simples devido a mão de obra no campo ter pouca escolaridade ou mesmo que a tecnologia não está economicamente acessível até agora; outros dizem que nós profissionais não conseguimos mostrar os benefícios para os agricultores nem exigir das empresas tecnologias condizentes com o momento em que vivemos. Essa tal tecnologia tem que ser tão intuitiva ao agricultor quanto a usada pelo celular, que ele carrega no bolso e manuseia com muita propriedade.
Enfim, todos nós, profissionais da área de uso e controle de água como insumo produtivo somos chamados a “sair do automático” e buscarmos novas tecnologias nas empresas e também nos institutos de pesquisa – os quais podem também ditar tendências – para desmistificarmos a irrigação como algo distante e difícil e então levarmos nossos parcos 5,5 milhões de hectares irrigados (vejam que a Índia tem 55 milhões de hectares) para nosso potencial de 30 milhões de hectares.
Uma boa reflexão a todos e que nossos sonhos moldem um futuro melhor.